inquietude

Dois de junho. Me sinto inquieto, querendo sentir o vento gelado no rosto e o sol teimoso aquecendo minhas roupas. Revi a aula do dia, levei Sophia ao ballet, troco torpedos com o compadre Ronald Silva Lima e, claro, lembrei de tia Lìgia, de aniversário naquele dia, lá onde ela está, junto ao tio Chico, aos meus avós e aos nossos queridos. A gente fica mais sensibilizado na medida em que se aproxima o dia do próprio aniversário.

45 anos. Nesse tempo, o Brasil deixou de ser ditadura militar para ter um operário e uma ex-guerrilheira na presidência, confirmando que uma democracia meia-boca ainda é preferível do que uma maravilhosa ditadura (Vade Retro!!!); os Beatles acabaram (dois deles literalmente), os grandes festivais de música acabaram, inventaram os bregas, os sertanojos, o bom funk de George Benson e outros virou nome de algo que os cariocas insistem em dizer que é música, mas que me cheira mais a encenação do Kama Sutra... Os festivais de música voltaram, nos impingindo coisas estranhas e depreciando gente maravilhosa, com premiações arranjadas e otras cositas... e por fim, acabaram de novo com eles.

Apareceram umas doenças, a AIDS, o A(H1N1) e o Ebola deram o ar de sua (des)graça, curaram alguns tumores, vacinaram pra caramba, tomaram pílula de farinha (constatando que não funciona 9 meses após), descobriram que aquela coisa de pegar violetinha e plantar um galho, chamada de clonagem, poderia ser feita, apesar de uma tal telomerase ser meio avessa a tal prática, que o diga a Dolly.

Infelizmente, tem o lado B. Os gorilas latinoamericanos foram soltos com gosto pela CIA, e, entre várias desgraças, assassinaram Allende (e inventaram aquele caô de suicídio), baixaram o AI5, o gás lacrimogênio e o porrete, arremessaram inimigos políticos de aviões no Atlântico Sul, inventaram a guerra das Malvinas/Falklands...

O computador deixou de ser algo gigantesco com menos memória que meu primeiro celular, e virou essa pastinha jeitosa, de um palmo e pouco de comprimento, na qual batuco as teclas com dedos que o sol lentamente aquece. Minha filha cresce usando ele com mais facilidade com que muito marmanjo...

O Grêmio foi hepta, amargou o octa colorado, virou a mesa, foi e voltou da segundona, Baltazar fez aquele golaço contra o São Paulo, Renato Portaluppi patrolou os alemães em Tóquio, e Felipão mostrou que era melhor um time de resultados que leva o penta do que os gênios de 1982 tomando laçadas do Paolo Rossi.

O ET voou de bike, apareceram os Star Wars sucedendo o Star Trek, eu chorei com Philadelphia, curti as Crônicas de Narnia e o Senhor dos Anéis, a Tropa de Elite sucedeu a tradição do Pagador de Promessas, do Central do Brasil e do Quatrilho, o Batman deixou de ser o prefeito de Quahog pra virar um morcegão de verdade no mais recente filme, com direito a Coringa cowboy do Brokeback Mountain...

Dia 2 de junho escrevi de onde há alguns anos era o campinho de futebol do IPA, coisa que eu, o professor Afonso e outros saudosistas ainda lembram de vez em muito. Bem, já diria Nana Caymmi, "acorda, meu amor, é hora de trabalhar". Fomos dar aula. Prato da manhã: metabolismo de carboidratos para véspera de prova, com requintes de controle hormonal do mesmo. Jantar: hemisférios cerebrais (com a Renata Guedes, não com Hannibal Lechter...).

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