Pequeno exilado
(Raul Ellwanger)
Navegas, navegas, navegas
Lá do outro lado do oceano
Na palma da mão já carregas
Vinte mil leguas de sonhos
Seguindo o teu pai que te leva
À bordo dos teus nove anos
Pequeno exilado sem pátria
Navegas teu barco de engano
Navegas teus olhos molhados
Na capital dos franceses
Carregas teus olhos chorados
Contando dias e meses
Menino crescido tem terra
Teu único plano primeiro
É ver terminar tanta espera
É ser cidadão brasileiro
Guerreiro do Bairro da Glória
Duende do Bairro Floresta
Vem cá conhecer nossa história
Malandros, calçadas e festas
Só quero te ver na cidade
Cantando em bom português
Canções de gritar liberdade
Daquela que usa o francês
-Vou me embora
-Vou me embora
Navegas, navegas, navegas
Lá do outro lado do oceano
Na palma da mão já carregas
Vinte mil leguas de enganos
Guerreiro do Bairro da Glória
Duende do Bairro Floresta
Vem cá conhecer nossa história
Malandros, calçadas e festas
Reparto com vocês uma das mais lindas canções que conheço. Composta por Raul Ellwanger e originalmente gravada pelo autor em dueto com Elis Regina, tem um certo caráter autobiográfico. O próprio Raul, entre 1970 e 1977, amargou exílio no Chile, Uruguai e Argentina, virando-se como recenseador, professor de violão e apresentando-se com suas canções. O exílio deveu-se ao seu enquadramento na nefanda "Lei de Segurança Nacional" vigente à época. No Chile, viveu a utopia de Allende, até o "pinochetazo" que o fez transitar entre Montevideo e Buenos Aires. O exílio trouxe ares hispano-americanos a suas canções, abrindo parcerias com nomes como Leon Gieco, Mercedes Sosa e Pablo Milanés.
Dentro da leva que nos trouxe Nei Lisboa, Bebeto Alves (com quem fez um show histórico na Reitoria da UFRGS em 1984), volta a se apresentar em Porto Alegre. Fez trilhas para a TV Bandeirantes, participou da organização da Cooperativa dos Músicos de Porto Alegre, participou dos festivais nativistas, em franca efervescência cultural na década de 80... Atualmente, transita entre seus shows e gravações e a pousada Estação Baleia, na paradisíaca Praia do Rosa, em SC, palco de um repouso "sabático" de 1994 a 2001, quando, nas suas palavras, curtia o crescimento de bromélias e cutias naquele pedaço de paraíso. 

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