mente (e coração) brilhante)... grande John Nash!!!


Um dos melhores filmes que já vi é "Uma mente brilhante". Nele, o ator Russell Crowe, o mesmo de Gladiador, representa o genial matemático John Nash, prêmio Nobel de Economia de 1994. Infelizmente, o mundo perdeu essa mente brilhante. Nash e sua esposa (e ex-aluna) Alicia, faleceram neste domingo, dia 24, em Nova Jersey (EUA) em um acidente com o táxi no qual estavam. O motorista do táxi teria perdido o controle do veículo ao tentar fazer uma ultrapassagem, e houve uma colisão. O casal estava voltando de uma viagem à Noruega, onde Nash já havia recebido um prêmio da Academia Norueguesa de Ciências e Letras.

Criança de temperamento tímido, de pai engenheiro e mãe professora (conheço um cara de origem parecida de algum lugar...) o jovem e genial Nash já mostrava ser solitário e introvertido na infância, quando preferia os livros a brincar com com outras crianças. Na escola, os professores, talvez despreparados para conduzir o jovem gênio, não reconheciam de fato Nash como um prodígio, era só "aquele esquisito isoladão", considerado como uma criança extremamente anti-social. Aos doze anos, cada vez mais isolado, Nash refugiava-se no seu quarto, dedicando-se a fazer experiências científicas e cálculos, com as quais aprendia mais do que na escola. Por volta dos 14 anos de idade surgiu o seu interesse pela matemática, quando leu a obra “Men of Mathematics” (1937), de T. Bell. Nessa época, conseguiu provar para si mesmo alguns resultados dos teoremas de Fermat. Mais tarde, em junho de 1945, ingressou na prestigiosa Universidade de Carnegie Mellon onde lhe foi oferecida uma bolsa de estudos. Iniciou a sua carreira universitária estudando Química e depois Matemática. John Synge, responsável pelo Departamento de Matemática, foi quem reconheceu no jovem um grande talento, e incentivou-o a dedicar-se com profundidade à Matemática.

Já graduado, em 1948 Nash foi aceito no programa de Doutoramento em Matemática em duas das mais famosas universidades dos Estados Unidos: Harvard e Princeton. A sua escolha recaiu sobre Princeton. Aí demonstrou interesse por vários campos da Matemática pura: Topologia, Geometria Álgebra, Teoria do Jogo e Lógica. Mas, mesmo em Princeton, Nash evitava comparecer às palestras e aulas. Aprendia sozinho, sem a ajuda de professores ou mesmo de livros.

Ainda antes de defender sua tese no curso, Nash provou o teorema do ponto fixo de Brouwer. Algum tempo depois resolveu um dos enigmas de Riemann que mas perplexidade causava. Em 1949, aos 21 anos, Nash, defendeu sua Tese de Doutoramento que, 45 anos mais tarde, lhe daria o Prêmio Nobel de Economia. Nash desenvolveu sua carreira na Universidade de Princeton e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e obteve o Nobel por suas revolucionárias teorias matemática aplicadas à solução de incógnitas econômicas. O trabalho, conhecido como o "Equilibrio de Nash" ("Non-cooperative games") revolucionou o estudo da estratégia econômica.

Segundo sua teoria, a competição entre dois oponentes pode também ser influenciada pela cooperação entre eles. Por exemplo, os dois rivais podem, individualmente conseguirem seus objetivos máximos se cooperarem ou com o outro, ou não ganhara nada caso se neguem a cooperar. A vitória ou derrota de uma competição se equilibra com exatidão com as derrotas e as vitórias dos outros participantes. A teoria é hoje onipresente na economia e em todas as ciências sociais, além de ser aplicada frequentemente em outros campos, como a biologia evolutiva. Só para ter uma ideia, uma derivada da Teoria dos Jogos, a Teoria dos Jogos Evolucionários e a EEE (estratégia evolucionária estável) são utilizadas para compreender e explicar o surgimento da comunicação nos animais e para explicar a evolução do altruísmo recíproco.
Com problemas mentais desde a juventude, Nash (acima, à esquerda; à direita, Russell Crowe, ator que o representou no filme "Uma Mente Brilhante") se viu envolvido ao longo da vida em várias polêmicas, incluindo acusações de antissemitismo - que ele negou. Junto com a mulher, ele fez campanha durante anos para sensibilizar a opinião pública sobre as doenças mentais. Depois de anos de internação e de terapias de choque sem resultado, Nash acabou se recuperando aparentemente quando decidou não mais ficar doente, nos anos 80. “Saí do meu pensamento irracional sem nenhum medicamento além das mudanças hormonais naturais do envelhecimento”, escreveu o matemático em 1996. Graças também ao apoio de Alice, ele aprendeu a controlar suas alucinações e retornar à docência e à pesquisa nos anos 90.

Em 2015, após o Nobel, novo reconhecimento. Nash, junto com Louis Nirenberg, recebeu o prêmio Abel, considerado o "Nobel" da Matemática", por seus estudos na área da teoria de equações diferenciais não lineares parciais. O casal voltava da viagem quando se deu o acidente...

"Atordoado... meu coração está com John e Alicia e a família. Um casal espetacular. Mentes maravilhosas, corações maravilhosos", disse Russell Crowe pelo Twitter. Atordoados, como Russel, que encarnou o genial matemático. Uma mente brilhante que deixa seu legado...e mostra algo a mais do que seus intrigantes e complexos trabalhos: nos mostra a superação do quadro de sofrimento psíquico, da doença mental vencida, combatida com inteligência e amor. Descanse, genial mente brilhante!!

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