candidato a Ibrahim

Nos anos 60, uma das principais vítimas do escracho do genial humorista Sérgio Porto, a.k.a Stanislau Ponte Preta, meu ídolo confesso, era o já falecido cronista social Ibrahim Sued. Sua folclórica ignorância era motivo para que Sérgio zoasse diariamente. Uma frase sua resumia a estranha simbiose: “Ibrahim, Ibrahim, se não fosse você o que seria de mim”, tamanho o material de imbecilidades e cositas do tipo que o colunista social deixava quicando em frente ao gol, diante desse centroavante matador do humorismo brasileiro.

Pois tem gente se candidatando ao posto de Ibrahim Sued de plantão, pelo hábito de despejar burrices boca afora via mídia televisiva, escrita, internética e quetais. O sr. Alexandre Garcia, ex-porta-voz do general João Batista Figueiredo, na última semana, durante comentário em que (pra variar) criticava o cadastro do ‘Simples Doméstico’ — regime unificado de pagamento de todas as contribuições e encargos do trabalhador doméstico — soltou uma pérola. Com ares de indignado, o apresentador afirmou que “o Brasil não era racista até criarem as cotas”. Garcia, pelo jeito, dá a entender que a escravidão no Brasil foi obra de ficção, algo similar ao que alguns propagam sobre o holocausto, que também não teria existido (...), e que, só a partir da implantação das políticas de cotas é que teria aparecido.

Antes, Garcia já havia vomitado imbecilidades. Na época do golpe de estado em Honduras, havia vociferado sandices sobre o golpe contra Zalaya, remontando ainda ao golpe contra Jango, nos anos 60. Dele é a pérola: "O presidente João Goulart, tal como Zelaya, estava influenciado por lideranças externas da esquerda revolucionária. Jango se deixava influenciar por Fidel Castro – que chegou a mandar milhões de dólares para a ‘revolução socialista’ brasileira… O mentor de Zelaya é o tenente-coronel para-quedista Hugo Chávez, que quer implantar a ‘revolução bolivariana’ na América Latina." Imagino a saliva correndo pela comissura labial, espumante...

Bom. Pausa. Respira. Um gole de café,  revejo um projeto com um colega. volto ao teclado. O cara disse. No ar. Brasil, sem racismo. O cara havia falado na grana do Fidel para a revolución brasileira (que nunca aconteceu, por sinal). Realmente, me lembro de minhas aulas de Ecologia e de Evolução, e lá dos alfarrábios vem a teoria do nicho vacante, ou seja, disponível a ser ocupado. Pelo jeito, Alexandre Garcia está tentando se esforçar para ser o sucessor de Ibrahim no quesito imbecilidades midiáticas. Porém, lhe falta a histrionicidade do primeiro e lhe sobra a truculência de quem foi porta-voz daquele presidente que "daria um tiro no coco" se seu pai ganhasse um salário mínimo por mês...

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